Inteligência Artificial e jornalismo: análise crítica de quadros e práticas emergentes de autorregulação, em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.15847/obsOBS18420242600Abstract
Face à crescente integração da Inteligência Artificial nas redações, os jornalistas encontram-se perante um paradigma disruptivo que traz questões sobre o futuro do exercício da sua profissão e as suas competências nucleares, onde as questões éticas tomam uma importância crucial. O presente trabalho identifica e analisa de forma sistemática o enquadramento autorregulatório sobre a implementação da inteligência artificial no ecossistema mediático português. O estudo fundamenta-se nas evidências empíricas apresentadas por Becker et al (2023), que indicam que as idiossincrasias nacionais e organizacionais têm um papel importante na definição das práticas dos órgãos de comunicação social, sendo ambas responsáveis por algumas das variações observadas nos resultados do seu estudo que examinou 52 documentos de regulação do uso de Inteligência Artificial (IA) no jornalismo. Estabeleceu-se uma metodologia para identificar e analisar os documentos de autorregulação das redações, para que possa ser feito um acompanhamento futuro através da sua replicação, contribuindo para a reflexão sobre o campo de estudo.A investigação identificou padrões consistentes com tendências internacionais na regulamentação da IA em contextos jornalísticos, incluindo preocupações fundamentais com transparência, responsabilidade editorial e manutenção da integridade profissional. Simultaneamente, a análise revela características distintivas que refletem especificidades do contexto mediático português, particularmente no que respeita às especificidades dos órgãos de comunicação social. Os resultados sugerem que, embora Portugal se encontre numa fase inicial de adaptação à IA no jornalismo, existe um movimento emergente no sentido de estabelecer quadros de autorregulação.