Os Media e a Discussão Polarizada pela Regionalização: análise à cobertura jornalística da campanha do referendo à criação de regiões administrativas em 1998
Abstract
A regionalização é um dos temas quentes da política portuguesa desde que entrou em vigor a Constituição da República
Portuguesa de 1976. A divisão do país em regiões administrativas tem gerado uma discussão polarizada entre quem diz
ser a solução para os graves problemas de coesão territorial de Portugal e quem acredita que esta reforma irá trazer
apenas mais corrupção para dentro do sistema público. No referendo realizado em 1998, o «Não» às regiões prevaleceu,
mas com uma taxa de abstenção superior a 50%, que representa bem um fracasso da informação veiculada. Este
resultado não se pode ver desligado daquilo que foi a campanha eleitoral, assim como a cobertura jornalística. Num
tempo em que a regionalização voltou à agenda política, este artigo regressa ao passado e analisa a cobertura jornalística
da campanha eleitoral do referendo de 1998, focando-se nos principais jornais portugueses à data. O agenda setting e o
framing que cada órgão de comunicação conferiu às notícias que veiculou são descritos como essenciais para a construção
da opinião das massas. Desta feita, o artigo argumenta a importância destes conceitos e reflete sobre os erros do
jornalismo no acompanhamento do referendo de ’98 e a politização da regionalização, descurando-se a reforma
administrativa em si mesma.